Evolucionismo versus fixismosAté meados do século XIX a diversidade do mundo vivo era explicado de acordo com uma concepção resultante da interpretação dos textos bíblicos. Segundo esta interpretação, os seres vivos são o resultado de um acto divino, mantendo-se as diferentes espécies inalteradas ao longo do tempo desde o momento da sua criação. Esta explicação, conhecida como
fixismo,considera a Natureza como um sistema ordenado,estável, onde cada forma viva, é criada para uma determinada finalidade e encontra-se perfeitamente adaptada.
Foi neste século que as ideias transformistas ganharam força e acabaram por impor o
evolucionismo como paradigma da origem e diversidade das espécies. De entre os principais defensores das ideias de evolução destacam-se
Lamarck e
Darwin. As suas teorias defendem a existência de antepassados comuns a todos os seres vivos e a modificação lenta e gradual das espécies ao longo do tempo, diferindo nos mecanismos propostos para explicar o processo evolutivo. Como o evolucionismo defende que as espécies evoluem e dão origem a novas espécies, podemos constatar que se opõe completamente ao fixismo. Contudo esta oposição provoca, ainda hoje, debates, onde argumentos de natureza científica são confrontados com argumentos de natureza religiosa.
Após esta breve síntese, vou aprofundar o tema Lamarckismo.
Em 1809, Jean Baptiste Lamarck propôs uma explicação para a evolução dos seres vivos, que se baseava fundamentalmente em dois princípios:
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Lei do uso e do desuso Lamarck considerava o ambiente como o principal agente responsável pela evolução dos seres vivos. Desta forma, a necessidade que os seres vivos sentem de se adaptar a novas condições ambientais, resultantes de alterações do ambiente, conduz ao uso ou ao desuso contínuo de certos orgãos. Deste modo, a função que o orgão desempenha acabará por determinar a sua estrutura como adaptação ao meio. Tendo em conta este princípio é possível referir dois exemplos:
- A toupeira, pelos seus hábitos subterrâneos, faz pouco uso da visão, o que tornou os seus olhos pequenos e pouco funcionais - atrofia do orgão sob a influência do meio.
- O pescoço alongado da girafa foi obtido graças ao hábito de este animal alongar a cabeça em busca das folhas de certas árvores de que se alimenta - desenvolvimento do orgão pela necessidade de adaptação ao meio.
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Lei da herança de caracteres adquiridos Lamarck considerava que as transformações sofridas, provocadas pelo ambiente, quer no sentido do desenvolvimento do orgão quer da sua atfrofia, eram transmitidas à descendência. Essas pequenas transformações, ao acumularem-se ao longo de gerações sucessivas, provocariam o aparecimento de novas espécies, funcionando assim como o principal factor de evolução.
Podemos concluir que a teoria de Lamarck, apesar de considerar o fenómeno de adaptação ao ambiente, é bastante contestada, pois se é certo que o uso desenvolve as estruturas - lei do uso-, já não é certo afirmar-se que a descendência herdará essas estruturas com esse grau de desenvolvimento - lei da herança dos caracteres adquiridos. Hoje sabe-se que nenhuma alteração dos orgãos provocada por factores ambientais se transmite à descência, o que retira suporte à hipótese de Lamarck. Apenas se pode afirmar que as únicas alterações que se transmite à descendência são as que modificam o material genético dos gâmetas.
Até para a semana! * Juliana